Crítica | Um Maluco no Golfe 2
- Redação neonews
- 5 de ago.
- 3 min de leitura
Adam Sandler retorna ao green com uma sequência nostálgica, exagerada e… exatamente como você esperava em Um Maluco no Golfe 2

(Foto: Divulgação)
Quase três décadas após o lançamento do primeiro Um Maluco no Golfe, Adam Sandler volta a viver Happy Gilmore com a mesma energia caótica e sorriso torto que marcou sua ascensão nos anos 90. Mas diferente dos holofotes que o consagraram, Um Maluco no Golfe 2 chega num contexto diferente: agora, Sandler não está mais tentando provar seu valor, mas apenas se divertindo com seu legado. Dirigido por Kyle Newacheck, o novo filme não tenta reinventar a comédia, nem ultrapassar os feitos do original — ele simplesmente se entrega ao absurdo e ao afeto, com toda a liberdade (e preguiça) que só um ícone da comédia permitiria.
A trama segue o envelhecido Happy, agora um pai viúvo e largado à própria sorte, cuja motivação para retomar o golfe surge quando sua filha, Vienna (vivida pela própria filha de Sandler, Sunny Madeline Sandler), recebe uma chance de estudar balé em uma escola prestigiada — mas caríssima. É a desculpa perfeita para colocar Sandler de volta aos campos, entre golfistas esnobes, regras insanas e uma nova geração que não entende (nem respeita) o jeito "Happy" de jogar. O vilão da vez é Francis Manatee, interpretado com energia caricata por Benny Safdie, criador da excêntrica Maxi Golf League, onde vale tudo — inclusive, é claro, chutar bolas com o quadril.
Se o enredo é apenas um fio condutor para os momentos cômicos, ele cumpre seu papel. Um Maluco no Golfe 2 resgata elementos clássicos do primeiro filme, incluindo o retorno de Shooter McGavin (Christopher McDonald), que ainda rouba cenas com aquele carisma esnobe inconfundível. O roteiro, entretanto, tenta adicionar algumas camadas dramáticas ao colocar Happy enfrentando o luto e o alcoolismo, mas essas tentativas ficam apenas na superfície. O tom nunca se afasta o suficiente do humor pastelão para mergulhar de verdade em qualquer reflexão — e, sinceramente, talvez nem devesse.
Tecnicamente, o filme é funcional. A trilha sonora intercala músicas clássicas com escolhas contemporâneas curiosas (incluindo uma aparição musical de Bad Bunny), enquanto a direção de Newacheck opta por enquadramentos simples e cortes rápidos, sustentando o ritmo frenético que Sandler adora. Há uma leveza visual que combina com a proposta cartunesca da produção. Os efeitos são escassos e pontuais, mas tudo que precisa funcionar, funciona: dos golfistas malucos aos buracos impossíveis de serem completados sem efeitos sonoros exagerados.
A química entre Sandler e sua filha é um ponto de luz no filme. Sunny não apenas segura bem as cenas com o pai, como traz um frescor doce à narrativa. O elenco de apoio também se diverte, com aparições que vão de Ben Stiller reprisando seu papel como o enfermeiro Hal L. (em um dos melhores fan services do filme) até o golfista Rory McIlroy e o jogador de futebol americano Travis Kelce. São participações que alimentam a proposta caótica e quase meta do filme — onde a linha entre a piada e a referência é propositalmente borrada.
No fim das contas, Um Maluco no Golfe 2 entrega o que promete: uma comédia familiar sem vergonha, nostálgica e barulhenta, que não se leva a sério nem por um segundo. E, justamente por isso, pode ser adorável para os fãs de longa data de Sandler. Não é inovador, não é profundo e definitivamente não vai mudar o gênero. Mas entre um soco num carrinho de golfe e uma frase esquisita gritada por Sandler, é difícil não soltar pelo menos um sorriso — mais pela memória do que pela novidade.
Ficha Técnica
Nome: Um Maluco no Golfe 2
Tipo: Filme
Onde assistir: Netflix
Categoria: Comédia
Duração: 1h e 58min
Nota 3/5