Crítica | A Longa Marcha: Caminhe ou Morra
- Redação neonews
- 16 de set.
- 2 min de leitura
Baseado em um conceito brutal, o filme equilibra tensão psicológica, crítica social e intensidade cinematográfica

(Foto: Divulgação)
A Longa Marcha: Caminhe ou Morra (2025) chega aos cinemas como uma das experiências mais perturbadoras do ano. Inspirado no clássico de Stephen King (sob o pseudônimo Richard Bachman), o longa transporta para a tela grande a ideia cruel de uma competição em que adolescentes precisam caminhar sem parar, sob a ameaça de serem executados por militares caso parem. O diretor constrói não apenas um thriller distópico, mas uma parábola sobre juventude, poder e sobrevivência.
Tecnicamente, o filme impressiona pelo uso de câmeras em movimento constante, que acompanham os personagens em longas sequências de caminhada. A fotografia aposta em tons frios e dessaturados, reforçando o peso da jornada e a sensação de exaustão física e emocional. A trilha sonora, marcada por batidas repetitivas e quase hipnóticas, intensifica a tensão, fazendo o espectador sentir-se dentro da marcha, como se também tivesse que lutar contra o próprio corpo para continuar.
O elenco jovem é um dos grandes trunfos da produção. Cada personagem traz não apenas o medo da morte iminente, mas também sonhos interrompidos e histórias de vida que são reveladas ao longo do percurso. Essa humanização é o que torna o espetáculo ainda mais doloroso: a cada novo disparo, não é apenas um competidor que cai, mas um universo inteiro de possibilidades que se apaga diante dos olhos do público.
No campo narrativo, o roteiro equilibra momentos de silêncio sufocante com diálogos que soam como confissões finais. As conversas entre os adolescentes, muitas vezes sobre banalidades ou lembranças de infância, contrastam brutalmente com o cenário opressor, criando uma melancolia que acompanha o espectador muito além do fim da projeção. É nesse contraste entre inocência e violência que o filme encontra sua força mais devastadora.
Ao mesmo tempo, A Longa Marcha: Caminhe ou Morra funciona como uma crítica contundente à espetacularização da dor e ao controle social. O fato de os soldados executarem friamente quem não obedece às regras simboliza a máquina impessoal do poder que elimina vidas em nome da disciplina. O público fictício, que acompanha a competição como entretenimento, é um espelho cruel da própria sociedade atual, que muitas vezes consome tragédias como espetáculo midiático.
Apesar da brutalidade, o longa não se limita a chocar: ele provoca reflexão. Há momentos de beleza poética no meio da barbárie, como quando os competidores, exaustos, encontram forças um no outro, formando laços improváveis em meio ao desespero. Esses instantes são filmados com uma delicadeza surpreendente, lembrando ao espectador que até nos cenários mais desumanos a empatia pode resistir.
No fim, A Longa Marcha: Caminhe ou Morra é uma obra que incomoda, emociona e prende. Tecnicamente bem executado, narrativamente envolvente e filosoficamente perturbador, o filme entrega uma experiência que mistura suspense, drama e crítica social em doses certeiras. É um daqueles títulos que permanecem caminhando na mente do espectador muito depois que os créditos sobem, deixando a pergunta inevitável: até onde você conseguiria ir antes de parar?
Ficha Técnica
Nome: A Longa Marcha: Caminhe ou Morra
Tipo: Filme
Onde assistir: Cinema
Categoria: Terror
Duração: 1h 48m
Nota 3/5