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Crítica | Monstro: A História de Ed Gein, quando o horror real encara o espelho da humanidade

Entre o fascínio e o repúdio, a série Monstro de Ryan Murphy nos confronta com o que há de mais sombrio não apenas em Ed Gein, mas em nós mesmos


Monstro: A História de Ed Gein
Monstro: A História de Ed Gein

(Foto: Divulgação)



Existem histórias que não deveriam ser contadas e, ainda assim, precisamos ouvi-las. Monstro: A História de Ed Gein (2025), nova temporada da antologia criada por Ryan Murphy, é uma dessas. Inspirada na vida do infame assassino que aterrorizou o interior dos Estados Unidos nos anos 1950, a série vai além da morbidez dos fatos para explorar a anatomia do medo, da solidão e da obsessão humana. O resultado é uma obra densa, incômoda e fascinante, que reafirma a habilidade de Murphy em transformar o horror real em crítica cultural.

Monstro: A História de Ed Gein
Monstro: A História de Ed Gein

(Foto: Divulgação)

Charlie Hunnam entrega a melhor atuação de sua carreira. Longe do estereótipo de galã, ele se afunda na pele de Gein com uma entrega física e psicológica arrebatadora. Sua voz suave e olhar perdido criam um contraste perturbador com as atrocidades cometidas pelo personagem. É o tipo de atuação que incomoda porque convence. Laurie Metcalf, como a mãe dominadora, oferece o contraponto perfeito: rígida, religiosa e autoritária, ela é o molde e o espelho do monstro que cria. Entre eles, o roteiro costura o retrato de uma relação tóxica que ultrapassa o medo e se transforma em devoção doentia.


Tecnicamente, Monstro: A História de Ed Gein é um espetáculo de desconforto. A fotografia aposta em tons frios e iluminação mínima, transformando a casa de Gein em uma metáfora visual para sua mente deteriorada escura, claustrofóbica, cheia de cantos que não queremos ver. A trilha sonora de Mac Quayle (de Mr. Robot) é discreta, mas certeira: notas longas e inquietas que crescem em momentos de silêncio absoluto, como se o som respirasse junto com o assassino.



O roteiro alterna entre o passado traumático de Ed e as consequências culturais de seus crimes, tecendo paralelos com Psicose, O Massacre da Serra Elétrica e O Silêncio dos Inocentes. Em mãos menos competentes, esse recurso poderia soar pretensioso, mas Murphy o transforma em uma análise sobre o próprio gênero de true crime: por que sentimos tanto fascínio pelo abismo? A série não julga o espectador, mas o coloca frente a frente com a pergunta estamos assistindo por empatia ou por curiosidade mórbida?


Há, no entanto, excessos que atrapalham. Algumas cenas como o uso simbólico de uma faca elétrica em um jantar de Ação de Graças beiram o grotesco gratuito. O mesmo vale para a maquiagem caricata de Tom Hollander como Alfred Hitchcock, que destoa do restante da produção. Esses deslizes, embora pequenos, quebram o tom sério e elegante que a série tenta sustentar. Ainda assim, não são suficientes para apagar o impacto emocional e narrativo que ela constrói.


O grande mérito da série é jamais transformar Ed Gein em vítima. Mesmo quando a narrativa mergulha em seus traumas e doenças mentais, a fronteira entre o humano e o monstruoso permanece nítida. Monstro não busca justificar, mas compreender. E compreender, nesse caso, é o mesmo que confrontar. Ao mostrar que a loucura de Gein foi moldada por uma sociedade repressora, violenta e hipócrita, Ryan Murphy faz o público perceber que o verdadeiro terror pode nascer do cotidiano e, às vezes, dentro de casa.


Opinião pessoal: "Monstro: A História de Ed Gein é daquelas séries que mexem com a gente de verdade. Ryan Murphy acerta ao transformar o horror em reflexão e, mesmo com alguns exageros, entrega algo que vai além do crime: é um mergulho na mente humana. Charlie Hunnam está simplesmente impecável, e a série prova que o verdadeiro medo não vem do sangue, mas daquilo que o cria. Uma experiência intensa, que vale cada"


No fim, Monstro: A História de Ed Gein não é apenas sobre um assassino. É sobre nós sobre o quanto o mal fascina, o quanto a dor vende, e o quanto o entretenimento flerta com a barbárie. O resultado é uma experiência densa, perturbadora e impossível de ignorar. Se assistir a ela exige coragem, entender por que ela nos atrai exige ainda mais.




Ficha Técnica


Nome: Monstro: A História de Ed Gein

Tipo: Série

Onde assistir: Netflix

Categoria: Terror/Suspense

Duração: 1 Temporada


Nota 4/5



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