top of page

neonews

neonews Portal de notícias e entretenimento

Crítica | Round 6 – Temporada 3

Últimos jogos elevam a brutalidade, mas também reafirmam o coração pulsante da série coreana Round 6 que marcou a década


Round 6 – Temporada 3
Round 6 – Temporada 3

(Foto: Divulgação)



A terceira temporada de Round 6 chega como um tiro final, rápido e brutal, encerrando a trajetória de Gi-hun e seus fantasmas em um turbilhão de dilemas morais, sadismo estilizado e potência dramática. Dividida com precisão cirúrgica entre o suspense dos jogos restantes e os confrontos ideológicos que sempre marcaram a série, a temporada não economiza sangue, nem alma. E é exatamente nesse equilíbrio que a criação de Hwang Dong-hyuk se consagra como uma das obras audiovisuais mais relevantes dos últimos anos.


Ao contrário da segunda temporada, que havia flertado com uma leveza amarga e um tom quase contemplativo, esta leva final é seca e direta. Não há tempo para respirar, e tampouco para esperança fácil. A ilha volta a ser palco de desespero absoluto, e a promessa de um prêmio final serve apenas para evidenciar o quão corroído está o tecido moral dos competidores. Mas Hwang nunca se deixa seduzir pela violência pela violência. Cada morte, cada sacrifício, tem peso dramático e propósito narrativo — mesmo que o desconforto do espectador seja parte da experiência.


Gi-hun (Lee Jung-jae) está irreconhecível — e isso é um elogio. A interpretação do ator nesta temporada é contida e poderosa, retratando um homem dilacerado entre a culpa e a obstinação, movido mais por convicções do que por sobrevivência. Em contrapartida, o retorno de Lee Byung-hun como o Front Man oferece uma simetria perversa: ambos são prisioneiros de um sistema, mas optaram por rotas distintas. O embate entre os dois, mesmo sem tiros ou explosões, é tenso, doloroso e de uma complexidade emocional que enriquece a série para além dos jogos mortais.


A estética continua impecável. Os cenários dos jogos finais são inventivos e sinistros, ora lembrando playgrounds abandonados, ora pesadelos corporativos. A fotografia é elegante e precisa, e o design de som nos insere dentro do horror com sutileza — cada batida de coração parece amplificada quando a câmera se aproxima dos olhos dos jogadores. A edição, por sua vez, sabe alternar com maestria entre o espetáculo e a introspecção, com episódios que sabem exatamente quando acelerar e quando desacelerar.


Há também um subtexto afiado sendo costurado por baixo do entretenimento de alta octanagem. Round 6 nunca foi apenas uma série sobre pessoas morrendo em jogos bizarros. Ela sempre foi, antes de tudo, uma crítica social. Na terceira temporada, essa crítica se intensifica: os VIPs — grotescos e cada vez mais parecidos conosco, espectadores — são espelhos incômodos. Ao mesmo tempo, a série questiona o próprio ato de assistir, nos forçando a pensar o quanto nos distanciamos daqueles que assistimos sofrer. A metalinguagem aqui não é decorativa — é ácida, necessária e eficaz.


A escolha de Hwang em encerrar a história de forma ambígua, mas profundamente simbólica, pode dividir o público, mas é coerente com tudo o que foi construído até aqui. Round 6 não é sobre vencedores — é sobre sobreviventes. E sobreviver, como a série mostra, não é necessariamente vencer. O final amargo, reforçado por uma participação especial impactante, nos lembra que a verdadeira vitória está em não perder a própria humanidade diante do caos.


Com sua terceira e última temporada, Round 6 se encerra como começou: provocando, incomodando e emocionando. É violenta, sim. Mas é também sincera, inteligente e estranhamente esperançosa. Em um mundo onde o espetáculo da dor virou entretenimento de massa, a série coreana se despede reafirmando uma mensagem simples, mas poderosa: mesmo em um sistema feito para nos desumanizar, ainda podemos escolher cuidar uns dos outros. E essa escolha, por mais difícil que seja, ainda é nossa.




Ficha Técnica


Nome: Round 6

Tipo: Série

Onde assistir: Netflix

Categoria: Thriller

Duração: 3 Temporadas


Nota 4/5



Explore todo esse universo de notícias e entretenimento

neonews, neoriginals e ClasTech são marcas neoCompany. neoCompany ltda. Todos os direitos reservados.

  • LinkedIn
  • Youtube

neonews, neoriginals e ClasTech são marcas neoCompany.

neoCompany ltda. Todos os direitos reservados.

bottom of page