top of page

neonews

neonews Portal de notícias e entretenimento

Crítica | Jurassic World: Recomeço

O sétimo filme da franquia Jurrasic tenta resgatar o terror e o fascínio da era jurássica, mas tropeça em fórmulas repetidas e ambições vazias


Filme - Jurassic World: Recomeço
Filme - Jurassic World: Recomeço

(Foto: Divulgação)



Jurassic World: Recomeço começa com uma cena emblemática: um brontossauro travando o trânsito de Nova York enquanto um executivo impaciente clama por eficiência. É uma metáfora perfeita para a própria franquia, presa em seus próprios excessos e empacada em um cruzamento entre nostalgia, lucratividade e a incapacidade de surpreender. Sob a direção de Gareth Edwards e com roteiro de David Koepp (retornando do original de 1993), o longa se constrói sobre ruínas de glórias passadas, oferecendo momentos de brilho isolados em um filme que, no fundo, não sabe muito bem por que continua existindo.


A trama acompanha a missão de extração de espécies em uma nova ilha infestada de dinossauros, liderada pela mercenária Zora Bennett (Scarlett Johansson). Ao seu lado, um grupo de personagens com carisma variado – destaque para Mahershala Ali e Jonathan Bailey – tenta sobreviver a ataques de pterodátilos, ao terror do Mosassauro e ao mais novo pesadelo genético: o Dementus Rex, um híbrido grotesco que flerta com o horror. O clima mais sombrio de Recomeço é uma das melhores decisões de Edwards, que retorna à estética do Godzilla de 2014 ao esconder seus monstros em névoas e silhuetas, criando tensão através do mistério.


Mesmo com essa tentativa de resgatar o impacto visual e sensorial dos dinossauros, o filme se torna vítima de seu próprio legado. A narrativa se enrosca em arcos repetidos – a criança amiga do dinossauro, o vilão corporativo previsível, a cientista em conflito ético, o cientista romântico – e, ao tentar equilibrar um drama familiar com ação apocalíptica, acaba não se aprofundando em nenhum. A família Delgado, por exemplo, parece existir apenas para gerar empatia rasa e manter a tradição de ter crianças em perigo. Já Zora, embora bem interpretada por Johansson, é moldada à base de estereótipos de ação e pouco mais.


Visualmente, há méritos. As sequências com os dinossauros são, de fato, algumas das melhores desde o primeiro Jurassic Park. A cena subaquática com o Mosassauro e os voos dos pterodátilos têm impacto genuíno e demonstram que Edwards ainda sabe criar imagens memoráveis. No entanto, o excesso de CGI em momentos chave e a falta de suspense real – afinal, já sabemos que os protagonistas sairão vivos – reduzem o peso dramático dessas cenas. O Dementus Rex, apesar do visual impressionante, nunca atinge o status de ícone; é mais uma criatura para vender bonecos do que um novo pesadelo cinematográfico.


O maior problema de Recomeço, no entanto, é estrutural. Há uma falta de urgência criativa evidente. A ideia de uma missão de coleta de DNA poderia abrir discussões éticas, mas tudo é tratado como pretexto para ação. A metalinguagem do roteiro – ao falar sobre como o público perdeu o interesse por dinossauros – quase funciona, mas soa cínica em um filme que não entrega nada realmente novo. Quando Zora coleta sangue de espécies ameaçadas, é difícil não pensar que o filme também está sugando o que sobrou da franquia, sem saber o que fazer com isso depois.


A atuação sólida do elenco e alguns lampejos técnicos não são suficientes para salvar Jurassic World: Recomeço de sua própria repetição. A tentativa de revitalizar a franquia pelo terror se perde em um mar de convenções e escolhas previsíveis. Como o próprio filme sugere, talvez o fascínio pelos dinossauros tenha mesmo se esgotado – não porque eles deixaram de ser interessantes, mas porque a forma como são retratados perdeu o frescor. O mundo jurássico não precisa acabar, mas certamente precisa de ideias novas para voltar a ser relevante.


No fim das contas, Recomeço é mais um lembrete de que franquias não sobrevivem apenas da nostalgia ou da estética. É preciso emoção, inovação e, principalmente, um motivo claro para continuar. E se há algo que este filme mostra sem querer, é que talvez seja hora de deixar os dinossauros descansarem – ou, ao menos, dar a eles um novo motivo para rugir.





Ficha Técnica


Nome: Jurassic World: Recomeço

Tipo: Filme

Onde assistir: Cinema

Categoria: Ação/Ficção científica

Duração: 2hs e 13min


Nota 2/5



Explore todo esse universo de notícias e entretenimento

neonews, neoriginals e ClasTech são marcas neoCompany. neoCompany ltda. Todos os direitos reservados.

  • LinkedIn
  • Youtube

neonews, neoriginals e ClasTech são marcas neoCompany.

neoCompany ltda. Todos os direitos reservados.

bottom of page