Disputa judicial e direitos autorais ameaçam a qualidade dos serviços de streaming no país
(Foto: Divulgação)
Se você notou que a qualidade do conteúdo no Prime Video está caindo, não é impressão sua. Recentemente, a Amazon anunciou mudanças que vão impactar a experiência dos usuários brasileiros: "a Amazon Prime Video, por exemplo, já anunciou que vai passar a exibir propagandas e deixar de exibir conteúdos em 4K no Brasil". Essa decisão, no entanto, não está relacionada a problemas de infraestrutura ou preferência do público local, mas a uma batalha judicial que já se arrasta há anos.
O Que Está Por Trás do Corte do 4K no Brasil?
A suspensão do 4K no Prime Video no Brasil tem como origem uma disputa legal com a empresa californiana DivX, que desenvolveu o codec HEVC. Este é o responsável por comprimir vídeos em alta qualidade, tornando a transmissão de conteúdos 4K viável.
De acordo com a DivX, a Amazon "se recusa a pagar o licenciamento devido, mesmo usando o HEVC em produtos como Echo Show, Fire Stick e o próprio streaming". A situação não é exclusiva da Amazon: a Netflix também enfrentou processos semelhantes e está em disputas jurídicas com a DivX.
Em setembro, a Amazon solicitou uma extensão de 50 dias úteis para descontinuar o uso do codec em seus produtos, alegando a necessidade de tempo para implementar atualizações. No entanto, a DivX afirma que a gigante do streaming está apenas tentando "comprar tempo" enquanto busca alternativas tecnológicas.
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Como Isso Impacta os Consumidores?
Quem mais sofre com essa disputa são os assinantes. Sem o 4K, os conteúdos da plataforma passam a ter qualidade inferior, o que contrasta com o avanço tecnológico de televisores e monitores modernos. Além disso, a ausência de uma redução proporcional nos preços do serviço pode desmotivar muitos usuários a continuar com suas assinaturas.
Apesar de seu catálogo robusto, a perda de qualidade visual coloca o Prime Video em desvantagem frente aos concorrentes. Serviços como Netflix e Disney+ ainda oferecem conteúdo em 4K, o que pode levar consumidores a migrarem para essas plataformas.
Um Precedente Preocupante para o Setor
A decisão judicial envolvendo a Amazon pode impactar toda a indústria de streaming no Brasil. "Nomes como Netflix, que também usam o HEVC sem pagar por um licenciamento, também podem acabar sendo obrigadas a encerrar a oferta de conteúdo 4K."
Se isso ocorrer, o mercado brasileiro de streaming enfrentará um retrocesso significativo em termos de qualidade, afetando diretamente os consumidores que investiram em aparelhos compatíveis com tecnologias de alta resolução.
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O Futuro do Prime Video na Disputa
Apesar do cenário desfavorável, a Amazon tem uma carta na manga. "A junção da Prime Video e da MGM Studios à Motion Pictures Association (MPA) pode garantir, se não o fim da disputa com a DivX, ao menos um acordo de licenciamento do codec em termos bastante favoráveis."
A MPA, conhecida por seu peso no setor jurídico, pode ajudar a Amazon a negociar um acordo que permita a volta do 4K ao catálogo do Prime Video. Enquanto isso, resta aos consumidores esperar que a disputa seja resolvida sem mais prejuízos para a experiência de uso.
Conclusão: Um Setor em Transformação
A retirada do 4K do Prime Video é um reflexo de um setor em constante transformação, onde tecnologia, leis e interesses comerciais se chocam frequentemente. Para os assinantes, o momento é de incerteza e, talvez, de explorar outras opções de streaming. Já para a Amazon, o desafio será recuperar a confiança do público e equilibrar qualidade e custo em um mercado cada vez mais competitivo.