Nostradamus | O homem que tentou prever o fim do mundo
- Redação neonews

- 31 de out.
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Médico, astrólogo e escritor, o francês Nostradamus que viveu no século 16 ainda desperta fascínio e medo com suas previsões sobre guerras, pragas e até uma bola de fogo que destruiria a Terra

(Foto: Divulgação)
O futuro sempre foi uma tentação. Desde o início dos tempos, a humanidade tenta decifrar o que vem pela frente e poucos nomes se tornaram tão lendários nesse campo quanto o de Nostradamus. Séculos depois de sua morte, suas profecias continuam sendo citadas, estudadas e reinterpretadas, especialmente quando o mundo enfrenta incertezas. Agora, em 2025, suas previsões voltam aos holofotes: falam em guerras, pragas e uma bola de fogo que destruiria o planeta.
Mas quem foi, afinal, o homem por trás do mito? Um profeta? Um charlatão? Ou apenas um médico curioso vivendo em uma Europa mergulhada em medo, fé e superstição?
O médico que virou lenda
Michel de Nostradame nasceu no sul da França, em dezembro de 1503. Filho de um notário e neto de um médico, ele cresceu em meio à transição cultural da Renascença, um período de descobertas e contradições. Apesar de ter origem judia, sua família se converteu ao catolicismo para escapar das perseguições da época.
Desde jovem, Nostradamus mostrou interesse por idiomas, ciências e medicina, estudando latim, grego, hebraico e astrologia. Formou-se em Medicina na década de 1520, mas sua trajetória mudou de rumo com a peste bubônica, que assolava a Europa. Ele passou anos viajando pelo país, tratando vítimas e desenvolvendo remédios com ervas e flores — o que lhe rendeu fama como um “médico da peste”.
Seus métodos misturavam ciência e esoterismo: além da medicina, ele praticava alquimia e astrologia, acreditando que os astros influenciavam a saúde e o destino humano. Mesmo que boa parte de suas práticas seja hoje vista como não científica, muitos pacientes juravam que seus tratamentos funcionavam.
Perseguição, tragédia e um dom “profético”
A vida de Nostradamus foi marcada por perdas e polêmicas. Sua primeira esposa e dois filhos morreram, provavelmente vítimas da peste, o que o deixou profundamente abalado. Mais tarde, ele seria acusado de heresia por criticar uma estátua religiosa — algo gravíssimo na época da Inquisição. Por sorte, foi absolvido e retomou suas viagens, ampliando seus conhecimentos e sua fama.

(Foto: Divulgação)
Foi nessa época que ele começou a se dedicar às previsões poéticas. Suas visões do futuro foram publicadas em almanaques anuais e ganharam grande popularidade entre a elite francesa. Em 1555, uma previsão em especial o colocaria definitivamente na história: ele escreveu que um “jovem leão cairia em combate”.
No ano seguinte, o rei Henrique II da França morreu após ser ferido em um torneio de justas e a coincidência foi suficiente para transformar Nostradamus em uma celebridade.
O profeta da Europa renascentista
Naquele tempo, a Europa vivia um turbilhão de conflitos religiosos e políticos. A Reforma Protestante, a desigualdade social e a tensão entre reinos criavam o terreno perfeito para que profetas e místicos ganhassem destaque.
As previsões de Nostradamus, escritas em uma linguagem enigmática e simbólica, pareciam fazer sentido para diferentes públicos e épocas. Ele falava de guerras, pragas e catástrofes — temas universais, que se adaptavam a qualquer contexto.
Críticos o acusavam de ambíguo e de explorar o medo coletivo, mas outros o viam como um homem à frente de seu tempo. Mesmo após ser brevemente preso por publicar sem autorização da Igreja, ele continuou escrevendo e lançando seus livros de profecias, que o imortalizariam.
Quando as previsões parecem se cumprir
Ao longo dos séculos, muitas pessoas acreditaram ver nas palavras de Nostradamus o reflexo de grandes eventos históricos. Ele teria previsto a decapitação do rei Carlos I da Inglaterra, em 1649, e até o Grande Incêndio de Londres, em 1666, quando escreveu que a cidade seria “queimada por bolas de fogo em três vezes vinte e seis”.
Seus versos também foram associados à Revolução Francesa, à ascensão de Napoleão Bonaparte e até à de Adolf Hitler, descrito por ele como “o grande inimigo de toda a raça humana”.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o ministro nazista Joseph Goebbels chegou a usar as profecias em sua propaganda para manipular o medo popular e fortalecer o discurso do Terceiro Reich. Desde então, os versos de Nostradamus são frequentemente reinterpretados e até distorcidos para servir a interesses políticos ou ideológicos.
O “fim do mundo” que nunca chega
Entre todas as suas previsões, a mais comentada talvez seja a do fim do mundo. Nostradamus escreveu que, em julho de 1999, “do céu viria um grande Rei do terror”. A profecia, combinada com o medo do bug do milênio (Y2K), fez muita gente acreditar que o planeta estava com os dias contados.
Obviamente, nada aconteceu. Ainda assim, suas palavras continuam ecoando nos momentos de incerteza global — guerras, pandemias, crises climáticas. Sempre há quem acredite que Nostradamus já havia previsto tudo.
O legado que atravessa séculos
Mais de 500 anos após sua morte, em 1566, Nostradamus continua a ser uma das figuras mais fascinantes da história. Historiadores o veem como reflexo de seu tempo, um homem que usou poesia e simbolismo para traduzir os medos e as esperanças de uma Europa em transformação.
Mas, para milhões de pessoas, ele permanece um profeta eterno, um homem capaz de enxergar o que vem depois da neblina do tempo. Como escreveu o historiador Stephen Bowd, “as profecias continuam a moldar as esperanças e os medos em relação ao futuro de indivíduos, grupos, nações e do mundo inteiro”.
E, no fim das contas, talvez essa seja a maior verdade de todas: a busca por entender o futuro diz mais sobre o ser humano do que sobre o próprio destino.
E você? Acredita que Nostradamus realmente previa o futuro ou apenas traduzia os medos da sua época?
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