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Crônica #25 | Valores Contidos em Cada Um

Atualizado: 31 de out. de 2022



Nesse final de semana tive o privilégio de estar mais inserido na natureza e pude contemplar as suas maravilhas. No deslumbrante amarelo das flores de ipê despontando e irradiando entre o verde contínuo da mata, na diversidade de cores das flores primavera, a minha alma se aquieta e vai entrando em perfeita sincronia com o nosso Criador. Após uma hora de viagem, chegamos numa pequena cidade incrustada entre montanhas e decidimos fazer um passeio antes de ir para o hotel.


No caminhar, encontrei com um menino que pediu para engraxar meus sapatos. No seu olhar simples e singelo, acompanhei seu trabalho. Fiquei atento nos movimentos ritmados das mãos já sujas de graxa. Depois de alguns minutos, caprichosamente, terminou o seu trabalho.


- “Quanto é o seu trabalho? ”.Perguntei.


Eu já tinha atentado no valor do seu serviço marcado na caixa de ferramentas e ele disse:


-“ O quanto o seu coração mandar”. Respondeu.



Paguei acima do preço marcado. Feliz, ele agradeceu. Guardou com outras notas e juntou com as moedas esparramadas no bolso da calça. No caminho ele encontra um amigo e num papo descontraído rumou em busca de outros clientes.


O engraxate indicou seu preço de forma expansiva. Mas o valor dele é outro; a simplicidade.


Numa outra esquina um senhor com barbas a fazer e sentado na fria calçada, tocava ao mesmo tempo um tamborim e uma gaita... Música que eu não reconheci, entretanto ele tocava num ritmo harmônico e afinado. Curvei-me diante dele para ver sua fisionomia, percebeu o meu esforço e apenas olhou de lado e continuou com sua apresentação. Seu corpo acompanhava o batuque. O velhinho tinha o seu preço que eram as moedas e notas contidas num chapéu. Ele possui um valor de vida; seu talento nato.


Já no hotel um recepcionista com simpatia me atende com dedicação. Prestativo e com sotaque mineiro dá as boas-vindas. O recepcionista tem seu preço; colocou à venda o seu treinamento. Ele possui seu valor de vida; a simpatia.



Durante o jantar no restaurante do hotel, fico encantado com um atencioso garçom, alegre e contador de histórias sem fim e risos nas brincadeiras. O garçom da mesma forma tem seu preço contido no salário e gorjetas. Ele possui seu valor; de transmitir alegria.


Cada um apresentou o seu preço, correspondente naquilo que pertence e paralelamente apresentaram a composição de Valores únicos do Universo em que vivem.


Já no momento do meu descanso, num canto tranquilo e aconchegante do saguão do hotel, eu entro num estado de reflexões. Automaticamente a minha mente traz flashes daquelas pessoas que passaram a compor o meu tempo espaço de existência daquele dia. Aprendi que as pessoas que eu encontrei estão exatamente no lugar certo, dentro da sua identidade única, cumprindo a sua missão e dentro de um VALOR específico.


Valor. O que é isso no dia a dia?


Imagine agora de forma analítica. Já chegou a pensar o quanto você vale? Qual foi o custo para chegar na identidade que possui até esse momento? Tem noção do tamanho do investimento, tempo e energia aplicados? Um preço tal qual poderia ser comparado com uma belíssima casa, carro de luxo, etc.


O preço do ser humano. Ao considerar o corpo como matéria, ou seja, uma peça fabricada, comprada, montada à mão ou que tenha saído de uma linha de produção que poderia ter vários iguais a você, qual seria sua surpresa? Saber que o corpo, depois de fabricado, foi transportado para o concorrido mercado consumidor e uma vez dentro deste mundo de consumismo desenfreado como se comportaria? Imagine sendo exposto em vitrines da vida e rotulado com um determinado preço com a seguinte mensagem: aceita-se cartão de crédito/débito. E no final a pergunta que faria: Você está a venda? Essas perguntas caberiam se estiver agindo como um homem com “h” minúsculo, numa tabela de preços conforme tempo de desprezo. Produto vendável contendo frações de inveja e egoísmo. Algo permutável com dose de traições e muitos outros acessórios. O preço? Caro demais para mantê-lo como um simples ornamento dentro da sua sociedade.



Valores do ser humano; daí então fico perplexo na complexa constituição do Homem. Valores esses que são pertinentes desde a concepção e que gradativamente esquecem, deletam ou se perdem pelas circunstâncias durante o passar da vida. Um faz de conta. Um jogo que nunca se aceita derrotas. Ignoram os esforços das pessoas mais próximas que o ajudaram. Valores esses que uma vez lançado na escuridão da sua própria existência ficam irrecuperáveis na sua forma original.


Do simples engraxate, velhinho da gaita, recepcionista e garçom, todos possuem seus Valores e cada um pode até não reconhecer o seu conteúdo e grandiosidade, porém incalculáveis na dimensão em que vivem. Quando esses Valores são expressados de forma natural e espontânea, de forma não racional e sim com sinceridade, é o que se pode chamar de VIRTUDE.


Para esse momento de reflexão, fechando os olhos e elevando os seus pensamentos em direção ao Alto, solte sua imaginação... No começo a escuridão predominará com alguns flashes de luzes ao fundo. Respire profundamente, acalmando e serenando a mente... Sinta o batimento do seu coração como que em compasso e gratidão pela Vida, quem sabe num bom bate papo com o nosso Criador haja o despertar de um Valor ainda não reconhecido dentro de você. Contemple no seu VALOR e deixe de lado o quanto CUSTA.

Permita-se!!!



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