A luta na fronteira da exaustão.
O que você encontrará nesta crônica:
Você é uma pessoa frequentemente estressada, além do normal? Se sim, já parou para identificar o ponto do desequilíbrio? Nossas decisões moldam nosso caminho, traçando desafios que geram felicidades ou infelicidades. Nos momentos de maior pressão, somos desafiados a entender nossa natureza e capacidade de adaptação. Você acredita que a vida seja uma espécie de batalha constante, cheia de estresse? Pode um propósito maior por trás das lutas fazer tudo valer a pena? Qual é sua perspectiva sobre isso?
I. Tensão no vergalhão de ferro.
No canteiro de obras, sob o sol abrasador, um jovem engenheiro estagiário, com os olhos inquietos, tentava absorver as múltiplas dinâmicas que ocorriam ao seu redor. Sentia-se perdido entre o grande movimento de trabalhadores e as máquinas barulhentas.
Em meio a esse caos, pairava uma dúvida em seus pensamentos: o que teria causado o incidente na unidade 02? Expliquei-lhe então, baseando-me no relatório oficial, que houve um rompimento de um vergalhão de ferro na laje, devido a um fenômeno conhecido como estresse. O estagiário, ainda mais confuso, não compreendia o termo estresse fora do contexto humano.
-“Pois é, meu jovem. Não apenas podemos fazer uma analogia da palavra estresse com seres humanos, mas também podemos aplicar os conceitos de tensão, compressão, elasticidade, esbeltez, flambagem, força aplicada, equilíbrio, estabilidade e, principalmente, um coeficiente chamado de segurança.” Continuei dizendo: “Nossos ossos, por exemplo, não se fraturam apenas com tensão ou compressão. Geralmente ocorre quando há um impacto lateral ou flexão. “
Na unidade 02, além do estresse no material, que resultou em um acidente grave envolvendo alguns operários, também afetou o engenheiro responsável. O peso da responsabilidade e o impacto devastador do acidente o abalaram profundamente, desencadeando uma série de eventos que culminaram em um sério transtorno de estresse. Projetos frequentemente enfrentam desafios e, muitas vezes, complexos. Um acidente como esse pode causar danos significativos ao projeto como um todo.
II. A angústia da pressão.
Estresse é um elemento muito interessante em nossas vidas.
Ao mesmo tempo em que não podemos viver sem ele, se o cultivarmos em excesso, pode nos levar à falência. Tamanha é sua importância que pode ser considerado como a epidemia do nosso século. Ele é uma resposta do organismo diante de situações desafiadoras, ameaçadoras ou de pressões excessivas. Uma grande variedade de circunstâncias e situações pode desencadeá-lo, envolvendo reações físicas, emocionais e comportamentais, onde a pessoa enfrenta mais pressão do que consegue lidar.
Enfrentamento de doenças, problemas e conflitos pessoais e familiares, pressões no trabalho, preocupações financeiras, eventos traumáticos, são tantas e inúmeras as causas que ninguém está imune a elas. Assim sendo, toda carga, pressão ou força que se vivencia passa a ser vista como potencialmente estressante, geralmente envolvendo um curto prazo, o chamado estresse agudo.
- “Veja”, continuo dizendo, “Está vendo aquela grua (guincho)? Ela gira em torno de um eixo e existem rolamentos para movimentação horizontal, certo? Pois bem, a torre suporta carga de compressão, como nossos ossos, e cada elemento tem suas características, assim como eu e você. Cada um suporta os problemas da vida de forma diferente, e vamos nos construindo de maneiras distintas. Com movimentos repetitivos de elevação de carga e rotação, os materiais sofrem desgastes, ou seja, entram em estresse. Também sofrem com as ações do sol, do vento e da chuva. O importante de tudo isso é que a torre não desaba de uma hora para outra; ela sinaliza com inclinação, ruídos, falhas elétricas e mecânicas, ruptura de soldas etc. Nós também sinalizamos. O nosso corpo sinaliza com cansaço, irritabilidade, dores, mal-estar, insônia, dentre outros muitos sintomas que incomodam e culminam em comportamentos desorganizados, gerando transtornos mais graves. Se não fizermos manutenção preventiva da torre, em algum momento ela rompe seu limite e cai. O mesmo pode ocorrer conosco.”
Nossa sociedade atual, fortemente competitiva e repleta de angústias, tende a ter generalizado todo tipo de estresse. Grandes volumes de compromissos em meio a pouco tempo para cumpri-los, uma busca desesperada por melhores ganhos e comodidades, além dos desejos por diversão e prazer. Todo esse cenário pode resultar em desequilíbrio da estrutura emocional, gerando culpa e desencadeando quadros envolvendo ansiedade, depressão, dores de cabeça, distúrbios digestivos, dificuldades de sono e um aumento significativo do risco de doenças cardíacas.
Você se considera uma pessoa frequentemente estressada? Além do normal? Se sim, já parou para analisar e identificar o ponto que te tira do equilíbrio?
Os momentos de estresse, acompanhados pela liberação de hormônios como a adrenalina e o cortisol, servem para nos preparar para enfrentar a situação. No entanto, em situações em que se perde o controle devido à falta de gerenciamento adequado, e onde a resposta ao estresse se prolonga ao longo do tempo, tornando-se crônica, seu impacto com efeitos negativos pode se tornar muito mais significativo na saúde física e mental.
Por outro lado, quando alguém enfrenta uma grande pressão para se livrar do estresse, acaba se tornando vítima dele, já que essa pressão muitas vezes ultrapassa a capacidade de resistência emocional da pessoa.
Nosso colega engenheiro, atormentado por pensamentos de que poderia ter feito mais para evitar o acidente, culpava a si mesmo incessantemente. O evento traumático era constantemente revivido em sua mente, perturbando suas noites, que eram passadas sem dormir. Sua saúde mental estava em declínio, com ansiedade e crises de pânico começando a afetar também seu estado físico.
III. Sinergia do rígido flexível.
- “Meu jovem, observe que cada material tem seu formato, composição e utilidade, suas características específicas e sua devida função. Como mencionei, a torre do guincho deve ser robusta e rígida, o que não ocorre com o cabo de aço que ergue os materiais para cima. Ele deve ser resistente e forte, dentro dos limites impostos, e ao mesmo tempo flexível.”
E nós, como nos comportamos no dia a dia? Sempre inflexíveis como a torre? Ou flexíveis como o cabo de aço? Qual é a dinâmica nas suas atitudes?
O jovem estagiário, pensativo, demonstra ter refletido sobre a relação entre materiais e seres humanos. Identifica os estados racional e emocional como pontos a serem mantidos em equilíbrio constante, necessário para enfrentar as adversidades que a vida nos impõe. Entretanto, ele se vê confuso e desequilibrado em seus anseios. Afirma que seus muitos desejos o deixam muito inquieto, já beirando talvez uma condição de estresse.
Não são apenas as situações aflitivas que nos perturbam ou inquietam, mas também a ansiedade em relação ao que desejamos alcançar, seja pelo esforço pessoal ou pelas conquistas realizadas. Assim, atividades psicologicamente positivas e desejadas, quando alcançadas, também podem se tornar fontes de estresse, abrindo caminho para situações igualmente cansativas ou desmotivadoras. Somos seres verdadeiramente complexos. Se não estivermos atentos ao nosso verdadeiro propósito, é fácil nos perdermos nos emaranhados que a vida apresenta como caminho.
IV. O processo libertador.
Frente a qualquer meta delineada, não existirá percurso que se apresente sem os acertos e erros.
Coragem e persistência são necessárias para que o objetivo traçado se faça triunfar, passando pelos ajustes nos processos de eleger os acertos e descartar as escolhas erradas e equivocadas. Dessa forma, a fé no futuro acalma as aflições do momento, ajudando-nos a lidar com as dificuldades sem cair no conformismo negativo, alimentando nossa coragem para superar os desafios que se mostram no presente. Diante dessa postura paciente, evita-se a ansiedade excessiva e os incômodos da angústia na espera pelo ilusório imediatismo. Tudo há de acontecer no seu devido e certo momento.
Quando compreendemos as nossas responsabilidades e os deveres que precisam ser realizados, sabemos de antemão dos esforços necessários, facilitando assim o planejamento de como executar cada tarefa, cada parte do processo. Isso nos ajuda a evitar o cansaço, o estresse, a irritação e o desgaste emocional, que geralmente resultam da falta de disciplina e dos conflitos internos ou com outras pessoas.
Quando percebeu, nosso colega engenheiro se viu preso em um ciclo vicioso de estresse e desespero. Diante das pressões cotidianas, sentia-se completamente impotente. Acabou se isolando e mostrando-se incapaz de encontrar uma saída para sua angústia esmagadora.
Ele estava no centro de uma tempestade infernal de estresse, chegando a um estado angustiante de desespero e desamparo. Lutando para manter o equilíbrio entre suas responsabilidades profissionais e sua própria saúde e bem-estar, chegou a um estado extremo de exaustão, comprometendo todos os aspectos de sua vida e saúde. Prostrado e sem nenhuma outra opção, uma licença médica o encaminhou para o necessário tratamento, somente então admitiu a necessidade de ajuda profissional.
Você acredita que a vida é uma batalha? E, assim como em toda batalha, ela é repleta de estresse? Pode um propósito maior por trás das lutas da batalha fazer tudo valer a pena? Qual é a sua perspectiva sobre isso?
Existem muitos recursos valiosos para aliviar o estresse. Às vezes coisas simples, como ouvir boas músicas, praticar ioga, meditação, assistir a um bom filme, ler bons livros, caminhar, nadar e estar na natureza, junto com nossos irmãozinhos animais. Cada um terá a sua necessidade peculiar, mas fundamentalmente está na educação de nossa mente e coração a superação para qualquer fonte de estresse.
Quando nos dedicamos não apenas ao nosso bem-estar, mas ampliamos ao bem-estar dos outros, isso nos preenche não apenas de harmonia, mas também de alegria.
Esforçar-nos para viver com alegria e gratidão em qualquer situação é uma terapia preventiva e libertadora contra os males do estresse, representando formas poderosas de libertação.
Diante do cenário mundial que se apresenta no momento, isso parece algo impossível. No entanto, devemos entender que para tudo existe uma forte razão de ser, razão talvez a nós desconhecida no momento.
Estejamos conscientes de que para tudo, para cada processo, existe o seu próprio tempo para se concretizar, nem sempre resolvendo-se conforme nossos desejos, mas sim de acordo com as circunstâncias e possibilidades que lhe são próprias.
Então, confiemos e sigamos firmes nos propósitos firmados.
Estejamos na batalha, lutemos, mantendo em níveis saudáveis e equilibrados a manifestação do estresse.
Como você enfrenta e reage diante das malhas invisíveis e angustiantes do estresse?
Esta é uma obra editada sob aspectos do cotidiano, retratando questões comuns do nosso dia a dia. A crônica não tem como objetivo trazer verdades absolutas, e sim reflexões para nossas questões humanas.
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