“Corda no pescoço do cinema” | produtores reagem à compra da Warner pela Netflix e pedem intervenção do Congresso dos EUA
- Redação neonews

- há 5 dias
- 3 min de leitura
Um grupo de cineastas e produtores diz que a fusão ameaça o futuro do cinema e pode concentrar poder demais nas mãos da Netflix

(Foto: Divulgação)
A notícia que sacudiu Hollywood nesta semana foi a compra da Warner Bros. pela Netflix, em um acordo avaliado em aproximadamente US$ 82 bilhões. O anúncio oficial saiu nesta sexta-feira (05), mas, antes mesmo de o mercado absorver o impacto, um movimento silencioso e preocupado já estava em curso.
Na véspera, uma carta anônima chegou ao Congresso dos Estados Unidos. O documento, enviado por um coletivo que se apresenta como “produtores de filmes preocupados”, alerta para os riscos que essa negociação pode trazer para todo o setor audiovisual. Segundo o site Variety, o grupo reúne desde produtores experientes até diretores renomados que optaram pelo anonimato por receio de sofrer retaliações no futuro.
E o tom da carta é direto. A Netflix, ao adquirir a Warner, “efetivamente colocaria uma corda no pescoço do mercado cinematográfico”. A crítica se baseia em um ponto sensível, que é a possível redução drástica da janela de exibição nos cinemas. De acordo com relatos, o novo modelo prevê que os filmes da Warner fiquem apenas duas semanas em cartaz antes de irem para o streaming, um período considerado insuficiente para sustentar salas de cinema, distribuidoras e toda a cadeia tradicional.
Algumas fontes dizem que esse prazo poderia ser um pouco maior, mas ainda assim o receio permanece. Para os produtores, esse é apenas um dos efeitos colaterais de um problema maior, que é a concentração de poder. Com uma aquisição desse porte, afirmam eles, a Netflix ganharia tanta força no mercado que poderia ditar regras de exibição, distribuição e até financiamento, prejudicando concorrentes e sufocando produtores independentes.
Outro ponto que preocupa o grupo é a postura histórica da própria Netflix em relação às salas de cinema. O CEO da plataforma, Ted Sarandos, já deixou claro em entrevistas anteriores que “levar as pessoas a um cinema simplesmente não é o nosso negócio”. Isso reforça a ideia de que a empresa tende a priorizar cada vez mais o digital, reduzindo ainda mais a relevância das telonas.
Um negócio gigantesco e polêmico
Além da divisão cinematográfica da Warner, a compra inclui também o HBO Max, um dos serviços de streaming mais influentes do mercado. A negociação encerra um dos maiores leilões corporativos da história de Hollywood, no qual a Paramount também estava oferecendo propostas sem sucesso.
Os valores são astronômicos:
• Preço de compra: US$ 27,75 por ação
• Valor patrimonial estimado: US$ 72 bilhões, podendo chegar a US$ 82,7 bilhões
• Multa por quebra de acordo: US$ 5 bilhões caso reguladores internacionais bloqueiem a fusão
David Zaslav, CEO da Warner, celebrou o anúncio e descreveu a união como a junção “das duas maiores empresas de storytelling da história”.
Mas nem tudo são flores. Fusões desse tamanho geralmente resultam em demissões em massa no lado adquirido, algo que ainda não foi confirmado, mas já é especulado nos bastidores. E, para bancar o investimento, também não seria incomum ver a Netflix aumentar o preço de sua assinatura no futuro.
O pedido ao Congresso
A carta enviada ao Congresso norte-americano pede que a Câmara e o Senado se posicionem publicamente contra a transação e a submetam ao “mais alto nível de escrutínio antitruste”. Isso significa que o grupo quer que o governo investigue profundamente se a fusão viola regras de concorrência e ameaça a diversidade criativa do setor.
Como costuma acontecer em negociações desse tamanho, a aprovação regulatória pode levar anos e até ser barrada.
O que já está claro é que essa movimentação reacendeu um debate antigo. Até que ponto o streaming deve moldar o futuro do cinema? E quem terá poder suficiente para decidir isso?
Veja Também: neoCompany em sua nova campanha, transforma tecnologia em conexão humana com foco em pessoas




