Medida surge após denúncias de uso inadequado do chip e falta de evidências científicas
(Foto: Divulgação)
No dia 18 de outubro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou a decisão de suspender a manipulação, comercialização, propaganda e uso dos implantes hormonais conhecidos como "chips da beleza". Essa ação foi motivada por uma série de denúncias provenientes de associações médicas que alertaram para a utilização indevida desses produtos no Brasil.
O uso desses implantes hormonais tem gerado preocupação nas comunidades médicas. Em dezembro de 2023, sete entidades médicas enviaram uma carta à Anvisa, solicitando providências em relação ao aumento de atendimentos de pacientes com problemas decorrentes do uso dos chips. Os implantes, que misturam vários hormônios, foram considerados prejudiciais à saúde.
A Anvisa reforçou sua posição com um alerta: “Implantes hormonais para fins estéticos e de desempenho podem ser prejudiciais à saúde, além de não haver comprovação de segurança e eficácia para essas finalidades.” Essa declaração destaca a falta de evidências científicas que sustentem o uso dos chips como métodos eficazes de emagrecimento ou para outros fins estéticos.
Os chips da beleza, conforme são conhecidos popularmente, são terapias hormonais que, além de fins estéticos, têm sido utilizados para tratar sintomas da menstruação e da menopausa. No entanto, esses implantes já estavam sob proibição do Conselho Federal de Medicina (CFM) devido aos seus riscos à saúde.
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Os implantes são aplicados subcutaneamente, liberando hormônios lentamente no organismo. O chip, que carrega o hormônio sintético da progesterona conhecido como gestrinona, pode aumentar os níveis de testosterona no corpo. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) esclarece que não há recomendação médica para o uso desses implantes devido à escassez de dados de segurança, especialmente a longo prazo.
Os efeitos colaterais e riscos relacionados ao uso do chip da beleza são preocupantes. Segundo a Anvisa, os principais riscos incluem:
Elevação do colesterol e triglicerídeos
Hipertensão arterial
Acidente vascular cerebral (AVC)
Arritmia cardíaca
Crescimento excessivo de pelos em mulheres
Queda de cabelo
Acne
Alteração na voz
Insônia
Agitação
Um caso emblemático ocorreu em dezembro de 2023, quando uma jovem de 20 anos foi internada em estado grave em São Paulo após a aplicação de dois implantes. A situação resultou em edema cerebral, um efeito adverso severo e alarmante que gerou ainda mais críticas sobre o uso dos chips.
A decisão da Anvisa de barrar os chips da beleza é uma medida importante em defesa da saúde pública. Enquanto a busca por padrões de beleza pode ser intensa, é crucial que as opções disponíveis sejam seguras e comprovadas cientificamente.
O alerta das entidades médicas deve servir como um lembrete da importância de buscar informações fundamentadas e de consultar profissionais de saúde qualificados antes de considerar qualquer tratamento estético.